"A arte de continuar
mesmo quando tudo diz não."
A resiliência
ou resilência é um termo emprestado da física sobre a propriedade natural de
alguns materiais. É a capacidade destes materiais manterem sua estrutura
original mesmo quando submetidos a um processo de estresse intenso.
É atualmente
aplicado na área de Humanas como o controle que certas pessoas têm de recobrar
o equilíbrio após uma experiência de sofrimentos e freqüente pressão.
O escritor Ernest Heminway dizia que certas
pessoas tem uma espécie de “código secreto”, são capazes de superar vários
momentos de perigo e problemas difíceis. Embora Heminway não tenha conseguido viver a luz da sua declaração,
vislumbrou uma verdade axiomática da vocação, a capacidade de resistir.
É sobre este “código
secreto” a temática da resiliencia, a forma sobrenatural de um vocacionado se
comportar durante seu chamado e missão, a despeito de tudo que lhe acontece.
A resiliência
se torna a busca da superação para se cumprir determinado chamado em certas
épocas e lugares. É a caminhada resoluta de alguém que renasce a cada dia ou
circunstância pela consciência aflorada que tem de sua missão.
Não é
simplesmente uma atitude irracional de um “kamikaze espiritual” ou de um Dom Quixote
inocente, mas de um guerreiro lúcido atento a correlação entre o que ele é, o
que veio fazer e o que pode lhe acontecer.
Quando Paulo é
chamado para iniciar sua vocação, o Senhor imediatamente lhe mostra as “regras
do jogo” e o adverte de seu “calvário” vocacional (Atos 9:15-16;20-23).
Como a matéria
prima da resiliência é o sofrimento, ele se torna ”a ordem do dia” de toda a
agenda vocacional. A esta altura poderíamos parafrasear Decartes: Eu Sofro,
logo sou Chamado.
O Sofrimento é
a “condição incondicional” da vocação. Sem ele a alma não se credencia para ser
e fazer o seu ministério diante daqueles que lhe observam.
O escritor
Joyce em “retrato do artista quando jovem” felicita a experiência da vida e diz:
“Vou
ao encontro da realidade e da experiência para moldar na forja da minha própria
alma a consciência ainda não criada de minha raça”.
A resiliência
tem essa natureza missiológica, ela demonstra que a capacidade de resistir
encanta aqueles que estão na arquibancada da vida. Quando a cena de sofrimento é representada,
surge entre os espectadores uma grande interrogação, qual seria a causa de
tamanha determinação.
A performance
da resiliência aponta para uma realidade desconhecida para aqueles que passam
pela vida como uma carta em branco pelo correio.
Mark Twain dizia que devemos viver de
tal maneira que quando morrermos até o coveiro tenha dó. Quando David Livinsgtone morre no campo
missionário, os nativos alcançados por ele não permitiram que corpo retornasse
inteiro até sua terra natal, arrancaram-lhe o coração para que permanecesse
junto a eles.
Embora a resiliência
seja uma ação do vocacionado, não significa que o mesmo a aplique sem uma
intervenção imediata e simultânea da pessoa de JESUS (Atos 23:11).
A resiliência
é a marca que diferencia o vocacionado do mero religioso. Ela capitaliza cada
momento de dor e sofrimento transformando-os em desafios de auto-superação.
O apostolo
Paulo apresenta o perfil de um vocacionado resilente. Seus momentos críticos
registram uma linguagem de extrema sensibilidade, é a dor de ser para algo
maior que si,com uma consciência plena de
que é necessário sempre prevalecer. (1 Coríntios 4: 9-13).
Ele inicia seu
lamento convicto de que seu “rosário vocacional” não era produto do acaso, mas
de um ato soberano de DEUS. A seguir
ele gradua na descendente os estágios de uma escada resiliente: Ultimo lugar,
condenado a morte, espetáculo para o mundo, anjos e homens.
Paulo analisa
que a vocação precisa ser resiliente porque cada ministro esta diante de um
“Big Brother” interdimensional. Todos observam o vocacionado e a capacidade de
ser si mesmo, diante do que Deus quer, no lugar que se está.
A resiliência
é o maior “espetáculo do mundo” porque atrai os espectadores causando-lhes admiração pelos atores “que a protagonizam”.
A dor e o
sofrimentos são uma linguagem universal, quando alguém os suporta num grau
extremo por causa de seu ideal, provoca nas mentes alienadas várias interrogações, que são respondidas em
atos sacrificais de serviço e altruísmo heróico.
Bertold Brecht dramaturgo que se
levantou contra uma arte alienista cunhou a seguinte frase sobre uma atitude
resiliente:
“Há homens que lutam um dia e são bons. Há
outros que lutam um ano e são muito bons. Há outros que lutam muitos anos que
são melhores. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”.
Portanto, a
resiliência na vocação é o fator que diferencia um ministério opaco de um
caracterizado com sangue, suor e lagrimas.
O resiliente
não é um rebelde sem causa, mas alguém consciente que germina na placenta do
próprio ser as sementes e os frutos que brotarão na eternidade, pois ele também
um dia verá o fruto de seu “penoso trabalho” e ficará satisfeito.
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