sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A Resiliência Na Crise da Vocação.



 Por Edmilson S. Tavares

"A arte de continuar mesmo quando tudo diz não."


A resiliência ou resilência é um termo emprestado da física sobre a propriedade natural de alguns materiais. É a capacidade destes materiais manterem sua estrutura original mesmo quando             submetidos a um processo de estresse intenso.





É atualmente aplicado na área de Humanas como o controle que certas pessoas têm de recobrar o equilíbrio após uma experiência de sofrimentos e freqüente pressão.

O escritor Ernest Heminway dizia que certas pessoas tem uma espécie de “código secreto”, são capazes de superar vários momentos de perigo e problemas difíceis. Embora Heminway não tenha conseguido viver a luz da sua declaração, vislumbrou uma verdade axiomática da vocação, a capacidade de resistir.

É sobre este “código secreto” a temática da resiliencia, a forma sobrenatural de um vocacionado se comportar durante seu chamado e missão, a despeito de tudo que lhe acontece.

A resiliência se torna a busca da superação para se cumprir determinado chamado em certas épocas e lugares. É a caminhada resoluta de alguém que renasce a cada dia ou circunstância pela consciência aflorada que tem de sua missão.

Não é simplesmente uma atitude irracional de um “kamikaze espiritual” ou de um Dom Quixote inocente, mas de um guerreiro lúcido atento a correlação entre o que ele é, o que veio fazer e o que pode lhe acontecer.

Quando Paulo é chamado para iniciar sua vocação, o Senhor imediatamente lhe mostra as “regras do jogo” e o adverte de seu “calvário” vocacional (Atos 9:15-16;20-23).

Como a matéria prima da resiliência é o sofrimento, ele se torna ”a ordem do dia” de toda a agenda vocacional. A esta altura poderíamos parafrasear Decartes: Eu Sofro, logo sou Chamado.

O Sofrimento é a “condição incondicional” da vocação. Sem ele a alma não se credencia para ser e fazer o seu ministério diante daqueles que lhe observam.

O escritor Joyce em “retrato do artista quando jovem” felicita a experiência da vida e diz: 

“Vou ao encontro da realidade e da experiência para moldar na forja da minha própria alma a consciência ainda não criada de minha raça”.

A resiliência tem essa natureza missiológica, ela demonstra que a capacidade de resistir encanta aqueles que estão na arquibancada da vida.  Quando a cena de sofrimento é representada, surge entre os espectadores uma grande interrogação, qual seria a causa de tamanha determinação.

A performance da resiliência aponta para uma realidade desconhecida para aqueles que passam pela vida como uma carta em branco pelo correio.

Mark Twain dizia que devemos viver de tal maneira que quando morrermos até o coveiro tenha dó. Quando David Livinsgtone morre no campo missionário, os nativos alcançados por ele não permitiram que corpo retornasse inteiro até sua terra natal, arrancaram-lhe o coração para que permanecesse junto a eles.

Embora a resiliência seja uma ação do vocacionado, não significa que o mesmo a aplique sem uma intervenção imediata e simultânea da pessoa de JESUS (Atos 23:11).

A resiliência é a marca que diferencia o vocacionado do mero religioso. Ela capitaliza cada momento de dor e sofrimento transformando-os em desafios de auto-superação.

O apostolo Paulo apresenta o perfil de um vocacionado resilente. Seus momentos críticos registram uma linguagem de extrema sensibilidade, é a dor de ser para algo maior que si,com  uma consciência plena de que é necessário sempre prevalecer. (1 Coríntios 4: 9-13).

Ele inicia seu lamento convicto de que seu “rosário vocacional” não era produto do acaso, mas de um ato soberano de DEUS. A seguir ele gradua na descendente os estágios de uma escada resiliente: Ultimo lugar, condenado a morte, espetáculo para o mundo, anjos e homens.

Paulo analisa que a vocação precisa ser resiliente porque cada ministro esta diante de um “Big Brother” interdimensional. Todos observam o vocacionado e a capacidade de ser si mesmo, diante do que Deus quer, no lugar que se está.

A resiliência é o maior “espetáculo do mundo” porque atrai os espectadores causando-lhes  admiração pelos atores “que a protagonizam”.

A dor e o sofrimentos são uma linguagem universal, quando alguém os suporta num grau extremo por causa de seu ideal, provoca nas mentes alienadas  várias interrogações, que são respondidas em atos sacrificais de serviço e altruísmo heróico.

Bertold Brecht dramaturgo que se levantou contra uma arte alienista cunhou a seguinte frase sobre uma atitude resiliente:
 “Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são muito bons. Há outros que lutam muitos anos que são melhores. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”.

Portanto, a resiliência na vocação é o fator que diferencia um ministério opaco de um caracterizado com sangue, suor e lagrimas.

O resiliente não é um rebelde sem causa, mas alguém consciente que germina na placenta do próprio ser as sementes e os frutos que brotarão na eternidade, pois ele também um dia verá o fruto de seu “penoso trabalho” e ficará satisfeito.

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