terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Artigos No Evangelho de João – Parte 1.



Escrevi este artigo usando parte do material em que venho ensinando nesse quarto evangelho, neste primeiro artigo apresento um breve introdução sobre como pregar ou estudar a partir da narrativa de um evangelho, espero que possa jogar luz para os pregadores da Palavra de Deus.



Aventuro-me a escrever uma série de artigos (ou estudos) no evangelho de João, que no dizer de Steven Lawson é o Monte Everest da Teologia, pois esse evangelho mostra claramente a graça soberana de Deus na salvação como nenhum outro livro da Bíblia, quiçá, o livro de Romanos. Neste evangelho a graça soberana de um Deus Todo poderoso é demonstrada claramente, John Macarthur diz que é “o mais teológico dos evangelhos”. Distingui-se de Mateus, Marcos e Lucas sendo “mais didático” e contendo mais “material discursivo em proporção a narrativa do que os evangelhos sinóticos. Por isso digo que estou em uma aventura de grandes proporções, pois não se pode mensurar o quanto este livro pode enriquecer a alma de um genuíno cristão, levar ao arrependimento o homem morto em seus pecados, e a busca por um viver santo e agradável a Deus por meio do estudo deste livro.
Dentre os quatro evangelhos, esse deve ser o que mais é usado entre os cristãos em todos os tempos e com propósitos variados. Muitos entregam o evangelho de João como uma forma de evangelizar, outros o usam como um bálsamo nos momentos de dificuldades, de enfermidade ou mesmo em momentos de enfrentar a morte. O versículo mais conhecido da Bíblia é João 3.16, isso nos mostra o quão importante é, e como tem sido muito usado esse quarto evangelho. Diz-se que este evangelho é tão simples que uma criança pode entendê-lo e tão complexo que há dificuldades de interpretá-lo pelos maiores eruditos.
Neste evangelho o amor de Deus é dramaticamente mediado por Jesus Cristo, e assim a leitor atento não precisará de muito esforço para perceber diferenças notáveis entre o quarto evangelho e os sinóticos.
Podemos ver primeiramente que o evangelho de João não inclui grande parte do material característico dos sinóticos. Não há parábolas narrativas em João, tampouco o relato da transfiguração, nenhum registro da instituição da ceia do Senhor, nenhuma palavra sobre Jesus expulsando demônios, nenhuma menção às tentações de Jesus. Há menos declarações breves e vigorosas, e mais discursos, mas alguns discursos que se encontram nos sinóticos, não aparecem em João.
Em segundo lugar, João traz grande quantidade de material que os sinoticistas sequer mencionam. Todo o material que está em João 2 – 4, incluindo-se, por exemplo, a miraculosa transformação de água em vinho, seu diálogo com Nicodemos, seu ministério em Samaria não tem contraparte nos sinóticos. Ainda podemos citar outros trechos que não se encontram nos demais evangelhos, a ressurreição de Lázaro, as freqüentes visitas de Jesus a Jerusalém, e seus extensos diálogos e seus discursos no templo e em várias sinagogas, sem mencionar muito de suas instruções particulares aos discípulos, são exclusividade do quarto evangelho.
Não menos surpreendentes é que os temas predominantes em João estejam ausentes nos sinóticos. Apenas neste evangelho Jesus é citado explicitamente com Deus. Aqui também Jesus faz uma série de afirmações importantes do tipo: “Eu sou”: Eu sou a luz do mundo, a ressurreição e a vida, o bom pastor, a videira, o pão vivo, a água viva, o caminho, a verdade e a vida. E elas culminam em uma série de declarações absolutas que direcionam para Deus, ou seja, com essas afirmações Jesus está mostrando sua divindade.
E para completar de maneira que a introdução seja breve, o evangelho de João foi escrito primordialmente para apresentar Jesus Cristo como o Deus Soberano. Os sinóticos enfatizam mais a humanidade de Cristo, entretanto, o apóstolo João, lançou luz sobre a plena divindade de Jesus. João sublinhou a suprema autoridade de Cristo, Jesus é Deus.
Antes de adentrarmos no texto propriamente dito, fazem-se necessárias três observações sobre o pregar nos evangelhos e especialmente neste quarto evangelho:
1.         O desafio de pregar ou ensinar a partir dos evangelhos é, em parte, o desafio de pregar com base em uma narrativa. Assim muitas vezes se não for cuidadosamente observado tende a apresentar o galho de uma árvore no meio de uma floresta e não na floresta como o todo. Assim foca-se em detalhes que não demonstram toda a riqueza do texto.

2.    O desafio de pregar a partir dos evangelhos é fazê-lo dentro da história da redenção. É nesse ponto que, assim temo eu, determinados pregadores, em contextos mais conservadores, inconscientemente tropeçam, nos mesmos tipos de erros que alas mais radicais da crítica do evangelho. A crítica do evangelho dedica tanta atenção a reconstruções imaginativas e detalhadas de comunidades dos evangelistas que o que os evangelistas dizem sobre Jesus ou afirmam que ele disse ou fez recebe pouco destaque. Pregar nos evangelhos é acima de tudo, um exercício de exposição e aplicação da cristologia.

3.    Aqueles que se propõem a expor o evangelho de João, em vez de um dos sinóticos, freqüentemente se vêem as voltas com vãs repetições. A visão de João é menos abrangente que os demais evangelhos. Por toda a riqueza de sua apresentação de Jesus, sua própria aplicação, feita, vez após vez, com força motriz, diz respeito ao que os leitores devem crer.

Por Messias Santos

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