Escrevi este artigo usando parte do material
em que venho ensinando nesse quarto evangelho, neste primeiro artigo apresento
um breve introdução sobre como pregar ou estudar a partir da narrativa de um
evangelho, espero que possa jogar luz para os pregadores da Palavra de Deus.
Aventuro-me a escrever uma série de artigos
(ou estudos) no evangelho de João, que no dizer de Steven Lawson é o Monte
Everest da Teologia, pois esse evangelho mostra claramente a graça soberana de
Deus na salvação como nenhum outro livro da Bíblia, quiçá, o livro de Romanos.
Neste evangelho a graça soberana de um Deus Todo poderoso é demonstrada
claramente, John Macarthur diz que é “o mais teológico dos evangelhos”.
Distingui-se de Mateus, Marcos e Lucas sendo “mais didático” e contendo mais
“material discursivo em proporção a narrativa do que os evangelhos sinóticos. Por
isso digo que estou em uma aventura de grandes proporções, pois não se pode
mensurar o quanto este livro pode enriquecer a alma de um genuíno cristão,
levar ao arrependimento o homem morto em seus pecados, e a busca por um viver
santo e agradável a Deus por meio do estudo deste livro.
Dentre os quatro evangelhos, esse deve ser o
que mais é usado entre os cristãos em todos os tempos e com propósitos
variados. Muitos entregam o evangelho de João como uma forma de evangelizar,
outros o usam como um bálsamo nos momentos de dificuldades, de enfermidade ou
mesmo em momentos de enfrentar a morte. O versículo mais conhecido da Bíblia é
João 3.16, isso nos mostra o quão importante é, e como tem sido muito usado
esse quarto evangelho. Diz-se que este evangelho é tão simples que uma criança
pode entendê-lo e tão complexo que há dificuldades de interpretá-lo pelos
maiores eruditos.
Neste evangelho o amor de Deus é
dramaticamente mediado por Jesus Cristo, e assim a leitor atento não precisará
de muito esforço para perceber diferenças notáveis entre o quarto evangelho e
os sinóticos.
Podemos ver primeiramente que o evangelho de João não inclui grande parte do
material característico dos sinóticos. Não há parábolas narrativas em João,
tampouco o relato da transfiguração, nenhum registro da instituição da ceia do
Senhor, nenhuma palavra sobre Jesus expulsando demônios, nenhuma menção às
tentações de Jesus. Há menos declarações breves e vigorosas, e mais discursos,
mas alguns discursos que se encontram nos sinóticos, não aparecem em João.
Em segundo lugar, João traz grande quantidade
de material que os sinoticistas sequer mencionam. Todo o material que está em
João 2 – 4, incluindo-se, por exemplo, a miraculosa transformação de água em
vinho, seu diálogo com Nicodemos, seu ministério em Samaria não tem contraparte
nos sinóticos. Ainda podemos citar outros trechos que não se encontram nos
demais evangelhos, a ressurreição de Lázaro, as freqüentes visitas de Jesus a
Jerusalém, e seus extensos diálogos e seus discursos no templo e em várias
sinagogas, sem mencionar muito de suas instruções particulares aos discípulos,
são exclusividade do quarto evangelho.
Não menos surpreendentes é que os temas
predominantes em João estejam ausentes nos sinóticos. Apenas neste evangelho
Jesus é citado explicitamente com Deus. Aqui também Jesus faz uma série de
afirmações importantes do tipo: “Eu sou”: Eu sou a luz do mundo, a ressurreição
e a vida, o bom pastor, a videira, o pão vivo, a água viva, o caminho, a
verdade e a vida. E elas culminam em uma série de declarações absolutas que
direcionam para Deus, ou seja, com essas afirmações Jesus está mostrando sua
divindade.
E para completar de maneira que a introdução
seja breve, o evangelho de João foi escrito primordialmente para apresentar
Jesus Cristo como o Deus Soberano. Os sinóticos enfatizam mais a humanidade de
Cristo, entretanto, o apóstolo João, lançou luz sobre a plena divindade de
Jesus. João sublinhou a suprema autoridade de Cristo, Jesus é Deus.
Antes de adentrarmos no texto propriamente
dito, fazem-se necessárias três observações sobre o pregar nos evangelhos e
especialmente neste quarto evangelho:
1.
O desafio de pregar ou ensinar a partir dos
evangelhos é, em parte, o desafio de pregar com base em uma narrativa. Assim
muitas vezes se não for cuidadosamente observado tende a apresentar o galho de
uma árvore no meio de uma floresta e não na floresta como o todo. Assim foca-se
em detalhes que não demonstram toda a riqueza do texto.
2. O
desafio de pregar a partir dos evangelhos é fazê-lo dentro da história da
redenção. É nesse ponto que, assim temo eu, determinados pregadores, em
contextos mais conservadores, inconscientemente tropeçam, nos mesmos tipos de
erros que alas mais radicais da crítica do evangelho. A crítica do evangelho
dedica tanta atenção a reconstruções imaginativas e detalhadas de comunidades
dos evangelistas que o que os evangelistas dizem sobre Jesus ou afirmam que ele
disse ou fez recebe pouco destaque. Pregar nos evangelhos é acima de tudo, um
exercício de exposição e aplicação da cristologia.
3. Aqueles
que se propõem a expor o evangelho de João, em vez de um dos sinóticos,
freqüentemente se vêem as voltas com vãs repetições. A visão de João é menos
abrangente que os demais evangelhos. Por toda a riqueza de sua apresentação de
Jesus, sua própria aplicação, feita, vez após vez, com força motriz, diz
respeito ao que os leitores devem crer.
Por Messias Santos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito bom pastor Messias. Já estou esperando o próximo! Wander.
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