sexta-feira, 27 de abril de 2012

PREGANDO NA PÓS-MDERNIDADE – PARTE 2

ENTENDENDO O TEMPO EM QUE VIVEMOS


Por Messias Santos.


A amplitude do significado da era pós-moderna é muito extensa e, portanto de difícil explicação, ou de uma definição única. Creio que os avanços são tão rápidos que a definição dada hoje sobre a pós-modernidade pode ser outra amanhã.


O que nos chama atenção é que são tantas facetas que têm sido moldadas neste período que nada é de fato uma verdade absoluta. Esta realidade envolve vários campos como, por exemplo, o cultural; como nas músicas, no cinema, nas danças, nas artes, tudo se torna muito subjetivo e sem uma formatação adequada e exata daquilo que de fato se quer passar para o público. E isso é também transferido para muitos púlpitos dos nossos dias.

Segundo David Lyon, “para compreender as principais correntes do pensamento pós-moderno, é interessante recuar no tempo e interrogar os pensadores que anteciparam a pós-modernidade”.
Um dos que mais contribuiu para o pensamento pós-moderno foi Friedrich Nietzsche que anunciava que o niilismo (aniquilamento ou descrença absoluta) estava à porta, isto por volta de 1888, diante do contexto do iluminismo (Iluminismo é um conceito que sintetiza diversas tradições filosóficas, sociais, políticas, correntes intelectuais e atitudes religiosas), este homem ganhou notoriedade a partir de decretar a morte de Deus, ou seja, os conceitos de Nietzsche giravam em torno da realidade, ou da falta dela, ou ainda de múltiplas realidades. Diante deste quadro, do Deus que morreu, o que é muito parecido com o que temos na pós-modernidade, não podemos ter mais certeza de nada, todas as verdades podem ser verdade, isso se dá de acordo com o grupo que a pessoa faz parte, ou seja, a verdade está no grupo e não na racionalização dela.

Ainda poderíamos citar muitos outros homens que moldaram o pensamento pós-moderno como: Martin Heidegger, que foi seguidor dos ensinos de Brentano, Dostoievski e Kierkegaard. Ele desejava uma reconstrução numa base pós-cristã, onde nem a metafísica nem o humanismo era a solução, mas uma nova descoberta do pensamento moderno sem a presença de Deus.

A pós-modernidade, portanto, ganha contornos do iluminismo, mas avança ainda mais para uma cultura subjetiva em torno de tudo o que existe que leva o homem a uma total descrença em Deus ou qualquer coisa que se diga religioso. Assim não se tem mais esperança nem na religião, nem no homem, nem mesmo a tecnologia e seus avanços têm dado ao homem o sentimento ou a certeza de que estão vivendo em um mundo melhor.

Assim o que pode dizer é que a pós-modernidade é uma condição sócio-cultural que exige a inexistência de um Deus ou de uma verdade absoluta e que em sociedades capitalistas estão tendo um maior avanço. Este avanço se dá em uma sociedade capitalista pelo fato de que o que move é o consumo desregrado e total daquilo que é importante para que as pessoas se sintam satisfeitas consigo mesmas e com o grupo do qual fazem parte.

Desta forma o mundo pós-moderno é um mundo de diversas verdades, mas sem nenhuma verdade absoluta. O único absoluto que se crê é que não existem absolutos. O que se não percebe é que se a única verdade é que não há verdade absoluta, isso já se torna um absoluto, ou seja, essa realidade vai o contrário com seus próprios raciocínios.

Neste tempo em que vivemos então vemos o surgimento de diversas “tribos” e essas “tribos” tem suas próprias verdades, que necessariamente não são as mesmas verdades defendidas por outras “tribos”, e mesmo assim podemos olhar os pontos que nos unem e não o que nos separam, a um sentimento de unidade em torno de algo que podemos juntos nos apegar. É esse o sentimento pós-moderno, este é o sentimento do nosso tempo.

Diante desta realidade de nosso tempo todas essas influências adentram aos nossos arraiais cristãos, como bem sintetizou Don Cupitt sobre a religião moderna “hoje, entretanto, todo aspecto narrativo cosmológico ou grandioso da religião entrou em colapso. Sabemos, se é que sabemos alguma coisa, que não existe um esquema racionalmente ordenado de coisas lá fora, nenhum significado da vida inserido em uma narrativa grandiosa já preparado onde nossas vidas possam ser enquadradas, Sabemos, se é que isso é possível, que não há literalmente nenhuma ordem sobrenatural, não há literalmente nenhuma vida após a morte. É só isto, e, como todos sabem, quando você morreu, morreu, e ponto final.”

Com isso vemos que verdadeiramente estamos entrando numa era pós-cristã, esse é o espírito pós-moderno a melhor maneira de se eliminar “um Deus tirano” é excluí-lo da religião, pois assim não nos sentiremos acusados de sermos pecadores merecedores do castigo eterno, essa é a religião pós-moderna. E sendo assim, não razão para moralidade ou qualquer outro sistema de valores para a igreja, ou em qualquer área da vida, seja ela política, social ou cultural.

Diante disso a igreja e especialmente aqueles que ensinam não podem ficar inertes apenas observando, ou “entrando na onda” do pós-moderno, deve ter algo maior que a igreja pode fazer. Não podemos viver como se nada estivesse acontecendo, temos que olhar o futuro e aproveitar as oportunidades que se apresenta neste momento, esse é o momento da igreja se levantar de defender a Verdade que propagamos. Mas para que a igreja se levante é necessário que os pastores preguem “todo o desígnio de Deus”.

Diante deste cenário que estamos, e fazemos parte dele, qual deve ser a nossa resposta? Isso é o que veremos na continuidade desta coluna...

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