O ser humano sofre.
Essa é uma realidade que não se pode ignorar. Sofremos por coisas importantes
como a perda de alguém que amamos, bem como sofremos por coisas insignificantes
como um time de futebol em que nada altera na grande realidade de nossa
existência. Em todo caso cada dor é particular e acredito que deve ser respeitada
pelo significado que tem para cada pessoa.
Às vezes fico sem
palavras ao ver como existe um esforço absurdo para ludibriar as pessoas de
seus sofrimentos. Seja através da propaganda de consumo ou do consumo religioso,
pessoas tentam nos dizer que aquilo pelo qual sofremos não é digno de nosso
pranto ou de nossa dor, e muito provável que a solução e o encontrar da
felicidade está no produto que se oferece, seja de mercado ou no discurso
religioso.
Há quem diga ainda
que o sofrimento advém de nossos pecados, o que muitas vezes pode ser verdade
devido as más escolhas de nossas vidas. Porém para aqueles que fazem dessa
ponte uma teologia triunfalista, deixo o texto de Hebreus 5.8 onde o autor nos ensina que Jesus aprendeu a obedecer por
meio daquilo que sofreu; além da teologia de Jó em que nos mostra que o
justo também sofre e sem falar no sofrimento também dos apóstolos.
Como iniciei dizendo
e repito, o ser humano sofre. E quanto mais próximo caminharmos dessa realidade
mais forte poderemos sair dela. Muito melhor enfrentar os fatos e tratar a dor
do que tentar ignorá-la e fingir que ela não existe. Mais hora menos hora ela
vai aparecer novamente como um vulcão em erupção, o que será muito pior.
O que particularmente
me conforta é saber que Deus tem interesse em meu sofrimento. Mais do que
qualquer um, Ele é um ser que sofre comigo as minhas dores, e ousaria dizer que
talvez esse seja o único modo pelo qual Deus poderia sofrer. Ele chora quando
choramos e sofre quando sofremos. Seria engraçado se não fosse trágico a
comparação entre a dor que Deus sente e a dor que a Igreja sente com o sofrimento
humano.
Vivemos em um momento
onde as pessoas passam horas de suas vidas vivendo (literalmente) uma realidade
virtual, buscando compartilhar ironicamente aquilo que faz falta em sua alma.
Uma noticia não muito boa é que por mais legal que seja essas ferramentas das
novas mídias elas não podem substituir um abraço, elas não podem enxugar uma
lágrima e muito menos desenvolver relacionamentos humanizados.
Poder contar com Deus
é o melhor sentimento que se pode ter em momentos de dor. Não por causa dos
dogmas sistematizados, mas pelo simples fato de que um dia Ele prometeu que
estaria conosco até a consumação dos séculos (Mt 28.20). Seu companheirismo não
é virtual. Saber de sua soberania não é suficiente quando se necessita de um
abraço, mas saber que Deus é um Deus que chora com você e que um dia enxugará
dos seus olhos todas as lagrimas é confortante.
Enquanto muitas vezes
a igreja se comporta como fariseus que julgam e atiram a pedra segundo a lei,
temos um Deus que olha para sua dor, pega a sua mão e te chama para um
recomeço. Temos um Pai que anda em meio ao povo olhando e se compadecendo
daqueles que choram, que sofrem e que pedem um abraço. Apenas compreensão. É
assim que se faz missão. É assim que se desenvolve uma comunidade do Espírito.
Jamais uma comunidade
será comunidade só por decorar uma cartilha dogmática. Ela será a comunidade do
Espírito quando amar uns aos outros em meio as dores e sofrimentos, enxergando
suas lagrimas e oferecendo o ombro, a mão e os ouvidos aos que sofrem.
Bom é ter um Deus que
chora com os que choram. E não é um choro de comoção não. É um choro de quem
entende e sente a realidade, sondando o coração e buscando compreender a dor e
o sofrimento. Me lembro de quando Jesus chorou no caso de Lázaro. Se Ele sabia
que através da soberania de Deus Lázaro ressuscitaria, por que Ele chorou? A
única resposta que consigo imaginar é que Deus é Deus Emanuel. Deus conosco,
chorando e vivendo com gente como a gente.
Que a Igreja busque
viver isso também para se tornar a cada dia mais uma comunidade do Espírito
enviada à um mundo cheio de sofrimento para cumprir seu papel.
Por Vinicios Surita Farabotti
A Paz do Senhor irmão gostei muito de seu trabalho que Deus o use sempre desta maneira
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