quarta-feira, 8 de maio de 2013

Pássaros Feridos

Isaias 66:1-6 

O seriado da televisão “Everbody hates Cris” é uma boa analogia sobre o que significa passar para o lado de Deus. A sensação de se tornar um estranho no ninho não é somente do Cris, mas de cada Cris-tão de qualquer época e lugar. 


Como alguém já disse: O cristianismo é o único exercito que atira contra os próprios soldados. O fogo amigo acontece justamente dentro das fronteiras que deveriam servir como guarida e proteção para seus fieis. 

No filme “Pássaros feridos” faz-se alusão a uma ave rara cujo canto ultrapassa em beleza até o do rouxinol. 

Este canto reflete a agonia do pássaro nos últimos momentos de sua existência, que, seguindo o curso de sua natureza se fere num espinho e morre cantarolando uma melodia melancólica e singular. 

Semelhante a referida ave, existem os pássaros feridos de Deus, que em sua jornada a casa do pai são magoados por causa da devoção a ele. 

Esses “alados” de carne e osso são desafiados a superar outro tipo de gravidade para permanecerem voando, as criticas, traição e abandono. 

O texto acima apresenta a distinção de dois grupos, os religiosos nominais e os que temem a Deus. 

Os do primeiro grupo acreditam que tem procuração especial para representar o sagrado.Querem construir um templo, cumprir os rituais, participar da liturgia do culto como se as ofertas fossem a causa de tudo e não mais a pessoa de Deus. (Isaias 66:1 e 3) 

Embora se comportem de maneira animosa, são tão próximos e parecidos que recebem até a alcunha de irmãos. (Isaias 66:5) 

São como uma casta que se coloca acima do bem e do mal transformando a possibilidade de uma fé viva num sistema de ritos, coisas e afazeres. (Isaias 66:3) 

Os fatores que sustentam a instalação da crise se manifestam por dois aspectos, um de caráter subjetivo, e o outro, objetivo. 

O primeiro implica em retirar a harmonia e paz daquele que serve e teme a Deus. As ações acontecem em forma de provocação, trazendo aborrecimentos na tentativa de minar as forças do fiel até que ele desista. 

O segundo, se refere a adoção de um distanciamento espacial ,não permanecer no lugar que o outro está, atribuir-lhe a condição de “persona non grata”, como se ele fosse alguém com uma doença terminal contagiosa. 

Os religiosos nominais não suportam quem rompeu com a mera religião. Uma estrutura psíquica atrelada ao mundo da aparência não consegue perceber a diferença entre o Deus das coisas e as coisas de Deus. 

Por não terem a experiência de Deus não compreendem o grau de devoção dos fieis, por isto, paradoxalmente, solicitam uma visão de Sua glória, na tentativa de identificar a causa de tamanha alegria presente, estranha a eles, que não expressam em cada ato uma atitude de culto. 

Enfim, o motivo da querela vem a tona, trata-se de um ciúme incontido sobre a identidade aqueles que amam a Deus. Existem aqueles que amam a Deus através de si, e aqueles amam a si através de Deus, ou Ele é o sujeito ou o objeto da adoração. 

Se “Everbody Hates” Cris-tãos , até mesmo dentro do arraial, lhes resta um grande consolo, saber que é deles que Deus se agrada, olha e também atende, pois, a obediência e o coração contrito ainda são as únicas virtudes que Lhe chamam a atenção e permite distinguir o que é culto e o que é religião. (Isaias 66:2) 

Quanto a religião, seu prazo de validade é curto, ela caminha junto com seus adeptos para um fim tenebroso, quando serão avaliados o “make in off” de todas as ações,não somente o interesse de cada coração,mas o coração de cada interesse. 

Que nesse dia, cada pássaro ferido receba de seu senhor a recompensa pelos espinhos que tanto feriram,mas também serviram como teste para o prevalecer da fé. 

Portanto, é preciso continuar cantando, superar os espinhos de cada dia entoando a mais bela das canções, pois o motivo da alegria não está numa resignação irracional ou na sublimação da dor, mas no amor dedicado ao Amado, que contempla simultaneamente o sacrifício de cada um de seus pássaros feridos. 

Por Edmílson S. Tavares

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