Após analisar as contradições da vida, composta geralmente por tragédias e conflitos, o escritor Dostoyevisk decide hipoteticamente devolver seu bilhete de entrada, preferia não ter nascido, se possível optaria pelo não ser, ao invés do ser.
Para muitos estar no mundo não é uma experiência gratificante, a terra parece um lugar estranho e a vida não tem muito sentido, nem na chegada e nem na saída.
Encarar a vida e tudo o que compreenda a sua realidade não é uma tarefa simples, é preciso saber viver e encontrar os atalhos que conduzam à uma existência autentica, sem desenvolver a síndrome de “Maria madalena”, viver sempre pelos cantos chorando.
Se a vida vem como labirinto, também é obvio que existe pelo menos uma saída ou caminho, daí a necessidade de encontrá-los antes que seja tarde e se acabe o “oxigênio” da procura.
Num mundo de personal trainner, personal style, onde há especialistas para tudo, é necessário localizar aquele que é o “expert da vida”, que poderia mentoriar o homem debaixo do sol como um consultor da existência ou um personal life do ser.
O mentor é aquele que ajuda o outro a descobrir as suas próprias riquezas sem causar-lhe constrangimento. No caso, o único que preenche tal currículo é Jesus, pois dirige sem invadir, orienta sem dominar e toma sem se apossar.
A qualificação de Jesus para receber tal crédito de toda a humanidade está vinculada à sua experiência também humana.
Quando uma pessoa visita uma nação, seu passaporte é carimbado pelo respectivo país reconhecendo ali sua estada e permanência. Jesus também “viajou”, fez uma viagem “transdimensional”, saiu do céu e veio ao mundo que vivemos. Seu passaporte carimbado foi o próprio corpo pleno de humanidade, tornou-se homem para autenticar a vida de todo aquele que nele crê.
É sobre tal característica de personal life que Paulo o apóstolo interpreta o papel de Jesus. Essa acessória ocorreu em duas situações diferentes de tempo e lugar, no entanto, ambas demonstram o valor de tê-lo como mentor da vida. (Números 9: 15 à 21 e I Coríntios 10: 1 à 6).
A presença de Jesus na peregrinação de Israel foi simbolizada por dois sinais de referencia, um para o dia e o outro para à noite (Números 9:15).
Como um outdoor ambulante, uma legenda visível, a presença de Cristo dirigia o povo de modo integral. Cada passo era teleguiado por inspiração de cima, uma bússola do céu apontava o “onde-quando” do povo de maneira simples e prática (Números 9: 16).
A direção tinha um caráter contínuo e estratégico. O comando para avançar ou aguardar era mediado pela dinâmica da nuvem e coluna.
Quando se detiam, o povo acampava, quando se moviam o povo caminhava.
Não havia exposição desnecessária aos perigos iminentes, nem indolência demasiada por atrasos ou preguiça. Tudo era previsto por Jesus que articulava cada dia e amanhã, se lhes antecipava em toda experiência, para que a mesma sempre ocorresse na medida certa. (Números 9: 19 à 22).
Jesus como “agente de viagem” da vida lhes preparou um roteiro especial, considerou a partida, o percurso, o destino e as possíveis intercorrências. Em alguns momentos os fez rodear o caminho, impediu-lhes a marcha direta, poupando-os dos confrontos inúteis e das guerras desnecessárias (Êxodo 13: 18).
Nos planos de Deus nem sempre a distância mais curta entre dois pontos é uma reta, a “hipotenusa” divina tem dimensões que a geometria humana desconhece.
Há uma correspondência atual entre aquela mentória de Jesus para Israel e a da igreja para os dias de hoje. Embora haja uma distância cronológica entre as duas experiências, não há diferença em seu agir no passado e no presente (I Coríntios 10: 1 à 6).
Paulo explica aos coríntios que a coluna de nuvem e fogo eram representações simbólicas, personificações da presença de Jesus junto ao povo. Que o mesmo Cristo atuante da história pode se tornar também o personal life de quem entregar as rédeas da vida em suas mãos.
O diretor Alfred Hitchcok tinha o habito de se apresentar nos filmes que produzia e dirigia. Quando ele aparecia em cena fazendo uma “ponta”, o publico do cinema lhe aplaudia entusiasticamente, maravilhados com sua participação. Para a platéia era sublime ver o criador no horizonte de suas criaturas, ainda que fictícias.
Semelhantemente, Jesus o grande diretor cósmico entra no tempo para dirigir não somente a história geral, também a vida de cada individuo que o convida como salvador e Senhor.
Perguntaram ao erudito cristão C.S. Lewis por que Deus não abandonava o homem e ia cuidar de seus próprios negócios. Ele respondeu: Porque nós somos o “negocio” de Deus. A vida do homem e tudo que implique seu estar no mundo é “negocio” de Deus, que, em Cristo providencia-lhe tudo o que for necessário para sua existência.
Se o publico de Hitchcok reconhecia sua performance cenográfica, ainda que fosse apenas uma “canja artística”, que dirá a divida de toda a humanidade diante de Jesus, o Deus (Filho) que se tornou homem e protagonizou em um só ato a salvação do mundo através de Sua obra na cruz.
Como um personal life Jesus é o mentor por excelência. Como homem tem o “know how” da experiência, pois sentiu sobre si todo o drama da vida. Como Deus tem o poder do milagre de transformar cada circunstancia crítica em uma bênção espiritual, tanto para essa vida, quanto para além dela. É justamente sua dupla natureza que o torna imprescindível, ele é o “Totalmente-Outro”, “Totalmente-aqui”, o ser para os outros, “o-ser-para-nós”.
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