terça-feira, 24 de julho de 2012

PREGANDO NA POS-MODERNIDADE (PARTE 3 – Final)



Por Messias Santos.


1. Escolhidos Para Este Tempo



Este é o nosso tempo, tempo de fazermos a diferença, se ficarmos olhando para os percalços do caminho não vamos produzir nada que nos leve a uma mudança radical neste tempo em que vivemos.


Lembro-me que certa vez li a seguinte frase (não me lembro em que livro) “as melhores coisas, nos piores tempos”, essa frase, para mim, sintetiza bem o espírito que deve reinar em nossas igrejas, podemos colher os melhores frutos em tempos realmente complicados.

Fomos chamados para esse tempo, chamados para penetrar no mundo com uma proposta realmente transformadora, o evangelho de Jesus Cristo, mas para isso o evangelho deve fazer parte da nossa vida, deve primeiro penetrar em nós, e este evangelho não está entrincheirado em um prédio ou uma construção antiga, mas sim na vida daquele que leva a mensagem.

Creio que neste novo tempo temos que nos despojar de antigas marcas que foram colocadas como paradigmas da igreja, talvez nosso impacto esteja sendo menor, pois, tal como o judaísmo, ficamos centralizados em um prédio e com métodos rígidos e modelos antigos. Nossas igrejas estão ensimesmadas e esquecem que fomos chamados para servir neste tempo.

Urge uma necessidade de sairmos detrás das cortinas e entrarmos no palco da história, dividindo o espaço que tem sido ocupado somente por aqueles que não têm uma mensagem verdadeira e sequer acreditam em uma verdade. Cada vez mais institucionalizamos a religião, quando na verdade ela deva estar preocupada em agradar a Deus e servir ao próximo, assim cumprindo o mandamento de amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Assim sendo, a igreja deve buscar o perdido e se ocupar em levá-lo a uma vida de intimidade com Deus buscando uma vida transformada através de um discipulado sério, que deve ser levado as pessoas, não necessariamente por ministros preparados em um seminário teológico, mas por todos aqueles que sendo instruídos na Palavra e vivendo uma vida de santidade e retidão podem ensinar (discipular) os novos crentes.

2. Uma Nova Visão Para Igreja

“... do ponto de vista teológico, os edifícios da igreja são supérfluos. Eles não são necessários para a função sacerdotal porque todos os crentes são sacerdotes e todos têm acesso direto, a qualquer hora e em qualquer lugar, ao Grande Sumo-Sacerdote”.1 Começo com essa afirmação para que entendamos que a igreja deve ter uma nova visão de si mesma, pois na verdade a igreja deve ter uma nova dinâmica. Não temos que esperar que as pessoas venham à “igreja”, mas a igreja é quem deve ir ao mundo.


Assim a igreja passa a buscar as pessoas nos seus nichos e não esperarmos que eles venham até nós. A igreja é um corpo e não um prédio, assim a visão da igreja não deve ser voltada para dentro, mas para fora. Mostrar que nossa “tribo” tem uma verdade transformadora e libertadora.

3. A Transformação Bíblica da Igreja

Essa transformação passa por uma vida de comunhão do Espírito, é necessário que andemos de forma que as pessoas possam ver que existe entre o povo de Deus uma vida não impessoal, mas de proximidade, uma busca por uma estrutura mais íntima. Como o tempo pós-moderno é um tempo em que as pessoas estão vivendo separadamente, é importante a igreja viver em comunhão. Para que haja a comunhão entre os cristãos é necessário que haja primeiramente uma verdadeira comunhão com Cristo, por isso a igreja deve ter um entendimento bíblico e um ensino bíblico, assim temos que viver essa realidade. Devemos por meio da comunhão, viver como povo de Deus, a base da igreja não é a manutenção da instituição, mas a vivência de um povo que exalta o grande e soberano Deus.

Tendo a mente de Cristo, adorando, testemunhando e vivendo em comunhão uns com os outros, além de termos a oportunidade de servirmos uns aos outros por meio do uso dos nossos dons espirituais. Snyder define essas verdades chamando-as de Ecologia da Igreja, conforme ilustrado no quadro abaixo:

Modelo de Snyder sobre a ecologia da igreja2

Se vivermos este modelo temos grandes chances de mostrar ao mundo pós-moderno que a verdade que cremos é verdadeiramente verdade, e que vale a pena viver esta vida, mas isso só acontecerá se a igreja abrir mão de olhar somente para dentro e começar a olhar também para fora, vendo a necessidade deste mundo e mostrando que ela é o único sistema racional de vida. Assim começamos uma transformação Bíblica para a igreja do século XXI e que está confrontando o tempo pós-moderno.

4. Uma Nova Estrutura Para Igreja

Surge então a necessidade de uma reestruturação da maneira como encaramos a igreja, e essa reestruturação está bem delineada no modelo vivido pela igreja primitiva. Vivendo uma comunhão verdadeira, cuidando uns dos outros, torando-se responsáveis uns pelos outros e aprendendo prestar contas uns aos outros.

As reuniões de pequenos grupos como a estrutura básica da igreja, o grande problema é que a estrutura básica da igreja são seus programas e seus prédios, e é isso que tem levado a igreja perder seu impacto em nossa cultura. A casa como célula básica da igreja pode fazer com que nossa sociedade que está vivendo individualmente veja que esta unidade de maior proximidade, sem nenhuma estruturação prévia, é um grupo que realmente se ama e que deseja o bem estar dos outros. 

Nessas estruturas básicas do lar o evangelho pode ser pregado de maneira vívida e com maior eficácia do que em um prédio com bancos de madeiras e todas “parafernália” necessária para um “culto de adoração”. Não dispensamos os prédios da igreja, eles ainda têm sua importância, para uma reunião geral semanal, ou ainda para reuniões específicas, ou ainda podem ser usados para ajudar a comunidade na qual ela está inserida, por exemplo, abrindo seu espaço para atender a comunidade através de cursos ou outra coisa assim deste tipo.

Na vida pós-moderna a igreja pode ser muito relevante, se ela pregar um evangelho verdadeiro, ter uma mensagem verdadeira, viver em união e praticar os dons espirituais como forma de ajudar ao próximo ela estará se tornando reestruturada para vencer os desafios deste nosso tempo.


I. CONCLUSÃO

Diante de tudo o que podemos apreciar, chegamos ao entendimento de que temos um enorme desafio à nossa frente. Essas mudanças não ocorrerão do dia para a noite, temos que investir tempo em oração e esperar que Deus sopre o seu Espírito nos ossos secos. Acredito que somente uma nova reforma, um verdadeiro avivamento levará a igreja de volta para o seu verdadeiro papel, o de glorificar a Deus por meio de sua obra nesta terra. O corpo de Cristo deve ser vivo, deve levar uma mensagem viva de transformação, mas não somente levar é preciso viver.

Chegamos ao limiar de um novo tempo e a igreja ainda é a coluna e o baluarte da verdade, por isso temos que responder a todos a razão da esperança que há em nós. Em todo o tempo e em todo o lugar temos que refletir a Glória de Cristo e anunciar a mensagem de salvação para um povo perdido. Podemos ainda impactar este mundo, mas para isso temos que nos dispor a enfrentar nossas próprias tradições e modelos que criamos e estamos com eles impregnados. Não é uma tarefa fácil, é dispendiosa e nos trará diversas dificuldades, mas se queremos viver como igreja no pós-modernismo, temos que pagar o preço. Então mãos à obra.


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