Deixe-me explicar e
justificar o titulo dessa conversa, temos visto em nossos dias uma florada de
amor, se ama de tudo hoje em dia, vivemos na era do extremo do amar a geral,
carro, casa, joias e até periquitos são os alvos, ama-se e lutar-se por um
montão de coisas já percebeu? Acontece de tudo um pouco, gasta-se, demais com
tudo, fora beijos à declarações eternas de amor a animais, bens e outras
“cositas-mais”, espera um pouco, vamos nos espantar nessa parte, e perguntar-nos:
onde fica o lugar para Deus nesse amontoado de altares? Será que existe
realmente um lugar em nosso ser para o Ser de Deus? Será realmente que temos
investido em uma forma correta de pensar (ortodoxia)? Será mesmo que temos andado
como Deus deseja que andemos (ortopraxia)?
Nesse momento dialogar
sobre o amar para com a pessoa de Deus, é de vital importância, nosso objetivo
com esse bate-papo é trazer luz e aprendizado sobre esta “arte-marcial-da-alma”,
sobre o treino árduo de simplesmente amar ao Todo poderoso, mas amar à Deus
precisa de esforço? No caminho e no meio desse espanto surge uma pergunta: Qual
a base para se amar a Deus?
Venho pensando nisso
inquieto à algum tempo, e tirei alguns princípios meditando na Santa Palavra de
Deus e em alguns escritos, baseando-me
nas confissões de um santo homem, perdoado por Deus, que escreve, “não na incerteza, mas no conhecimento seguro
eu te amo, ó Senhor. Com tua Palavra,
traspassaste meu coração, e eu te amei”. Aqui tiro o ponto de partida para
se amar realmente à Deus, temos que remover toda forma de ativismo religioso do
costume e sumir com a incerteza de nossos corações, esse desaparecimento do
amor incerto vem pelo conhecimento seguro de quem é Deus, e para isso tem um
agente de transformação chamado de Palavra de Deus (λογου του
Θεου), que se aloja em meio o coração e faz simplesmente o ser amar.
Agostinho continua... “O céu, a terra e tudo o que há neles em toda
a parte dizem-me que devo te amar. Eles não cessam de dizê-lo a todos os
homens, de modo que eles não tem desculpa. Mas de forma mais profunda tu terás
compaixão daquele que quiseres, e mostrará compaixão àquele que quiseres, pois
caso contrário o céu e a terra proclamam teus louvores aos surdos”. Aqui
aprendo que realmente, os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento a obra
de suas mãos (Sl 19:1), e o amigo de Hipona vai além, e diz que muito mais que declararem
a glória do Eterno, Sua criação diz aos ouvidos do amante, que ele deve ama-Lo,
não em um determinado local, mas sim em todo o lugar, e esse grito da criação
está perto dos ouvidos de todos os homens, não só de um ou de alguns,
“dia-após-dia”, “hora-após-hora”, “minuto-após-minuto” e “segundo-após-segundo”
e toda fração de tempo que não chegou ao conhecimento do homem que ouve,
colocando assim a falta de caráter do homem, que se desculpa dizendo que não
ouviu, não é verdade! Ela fala ao “sentido-sonoro-do-ouvir” de todos.
Agostinho
continua... “O que amo então ao te amar? Não a beleza corporal, não a glória
temporal, não a clara luz que brilha, por mais bela que seja aos nossos olhos,
não as doces melodias de canções polifônicas, não o cheiro suave das flores,
unguentos e perfumes, não o maná e o mel, não membros feitos para o abraço do
corpo, não amo essas coisas quando amo a meu Deus”. Aprendo
nessa sentença o que não amo quando amo a Deus, quando amo ao Senhor, não amo o
que é passageiro, não amo o que seja belo aos olhos, não amo o que os ladrões
levam, não amo especiarias finas, não amo comer hambúrgueres de minhoca, não amo
carinho de seres para ser, quando amo a Deus não tem espaço para outro amor,
como nós diz Kierkegaard, não tem espaço dentro de mim senão para Deus, e como
aprendiz defino, vou viver só para Ele, e Ele só para mim.
O
santo de Hipona termina... “No entanto, amo uma certa luz, uma certa voz, um
certo cheiro, uma certa comida, um certo abraço para o homem dentro de mim,
onde a luz divina, que lugar nenhum pode conter, inundar-me a alma, onde ele
profere palavras que o tempo não apaga; onde ele exala um aroma que nenhum
vento dispersa; onde ele oferece uma comida que nenhum comer pode diminuir;
onde ele se prende de tal forma que a saciedade não nos divide. É isso que eu
amo quando amo a meu Deus.”, aprendo e concluo que
ler, compreender, aplicar e enxergar a Palavra de Deus sempre traz vida aos
ossos secos do sol da preguiça.
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