quinta-feira, 5 de julho de 2012

Santo Agostinho e um Discípulo Conversando Sobre o Amar à Deus!


Por Tiago Mota.

Deixe-me explicar e justificar o titulo dessa conversa, temos visto em nossos dias uma florada de amor, se ama de tudo hoje em dia, vivemos na era do extremo do amar a geral, carro, casa, joias e até periquitos são os alvos, ama-se e lutar-se por um montão de coisas já percebeu? Acontece de tudo um pouco, gasta-se, demais com tudo, fora beijos à declarações eternas de amor a animais, bens e outras “cositas-mais”, espera um pouco, vamos nos espantar nessa parte, e perguntar-nos: onde fica o lugar para Deus nesse amontoado de altares? Será que existe realmente um lugar em nosso ser para o Ser de Deus? Será realmente que temos investido em uma forma correta de pensar (ortodoxia)? Será mesmo que temos andado como Deus deseja que andemos (ortopraxia)?   


Nesse momento dialogar sobre o amar para com a pessoa de Deus, é de vital importância, nosso objetivo com esse bate-papo é trazer luz e aprendizado sobre esta “arte-marcial-da-alma”, sobre o treino árduo de simplesmente amar ao Todo poderoso, mas amar à Deus precisa de esforço? No caminho e no meio desse espanto surge uma pergunta: Qual a base para se amar a Deus?

Venho pensando nisso inquieto à algum tempo, e tirei alguns princípios meditando na Santa Palavra de Deus e em alguns escritos,  baseando-me nas confissões de um santo homem, perdoado por Deus, que escreve, “não na incerteza, mas no conhecimento seguro eu te amo, ó Senhor. Com tua Palavra, traspassaste meu coração, e eu te amei”. Aqui tiro o ponto de partida para se amar realmente à Deus, temos que remover toda forma de ativismo religioso do costume e sumir com a incerteza de nossos corações, esse desaparecimento do amor incerto vem pelo conhecimento seguro de quem é Deus, e para isso tem um agente de transformação chamado de Palavra de Deus (λογου του Θεου), que se aloja em meio o coração e faz simplesmente o ser amar.

Agostinho continua... “O céu, a terra e tudo o que há neles em toda a parte dizem-me que devo te amar. Eles não cessam de dizê-lo a todos os homens, de modo que eles não tem desculpa. Mas de forma mais profunda tu terás compaixão daquele que quiseres, e mostrará compaixão àquele que quiseres, pois caso contrário o céu e a terra proclamam teus louvores aos surdos”. Aqui aprendo que realmente, os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento a obra de suas mãos (Sl 19:1), e o amigo de Hipona vai além, e diz que muito mais que declararem a glória do Eterno, Sua criação diz aos ouvidos do amante, que ele deve ama-Lo, não em um determinado local, mas sim em todo o lugar, e esse grito da criação está perto dos ouvidos de todos os homens, não só de um ou de alguns, “dia-após-dia”, “hora-após-hora”, “minuto-após-minuto” e “segundo-após-segundo” e toda fração de tempo que não chegou ao conhecimento do homem que ouve, colocando assim a falta de caráter do homem, que se desculpa dizendo que não ouviu, não é verdade! Ela fala ao “sentido-sonoro-do-ouvir” de todos.

Agostinho continua... “O que amo então ao te amar? Não a beleza corporal, não a glória temporal, não a clara luz que brilha, por mais bela que seja aos nossos olhos, não as doces melodias de canções polifônicas, não o cheiro suave das flores, unguentos e perfumes, não o maná e o mel, não membros feitos para o abraço do corpo, não amo essas coisas quando amo a meu Deus”. Aprendo nessa sentença o que não amo quando amo a Deus, quando amo ao Senhor, não amo o que é passageiro, não amo o que seja belo aos olhos, não amo o que os ladrões levam, não amo especiarias finas, não amo comer hambúrgueres de minhoca, não amo carinho de seres para ser, quando amo a Deus não tem espaço para outro amor, como nós diz Kierkegaard, não tem espaço dentro de mim senão para Deus, e como aprendiz defino, vou viver só para Ele, e Ele só para mim.    

O santo de Hipona termina... “No entanto, amo uma certa luz, uma certa voz, um certo cheiro, uma certa comida, um certo abraço para o homem dentro de mim, onde a luz divina, que lugar nenhum pode conter, inundar-me a alma, onde ele profere palavras que o tempo não apaga; onde ele exala um aroma que nenhum vento dispersa; onde ele oferece uma comida que nenhum comer pode diminuir; onde ele se prende de tal forma que a saciedade não nos divide. É isso que eu amo quando amo a meu Deus.”, aprendo e concluo que ler, compreender, aplicar e enxergar a Palavra de Deus sempre traz vida aos ossos secos do sol da preguiça. 

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